Nascido em 17 de dezembro de 1905 no vilarejo Kiiskinen, em uma província no sul da Finlândia, Häyhä era o sétimo de oito filhos de Juho e Katriina Häyhä, um casal de fazendeiros luteranos.
Desde muito cedo, ele aprendeu a comandar uma fazenda, caçar e até esquiar com muita habilidade, porém era no tiro ao alvo que ele era mesmo imbatível. Ao longo de sua adolescência, o jovem ganhou vários concursos de tiro na província onde nasceu, enchendo de troféus as prateleiras de sua casa. Apesar disso, sempre foi considerado um jovem tímido que preferia ficar bem atrás nas fotos em grupo.
Contudo, a partir do momento em que se alistou para o serviço militar finlandês em 1925, aos 17 anos, suas habilidades levaram Häyhä a ocupar o lugar central. Segundo o major Tapio Saarelainen, que escreveu sua biografia, o jovem não recebeu nenhum treinamento de atirador de elite até 1938.
De maneira surpreendente, Häyhä conseguia estimar distâncias com uma precisão de 1 metro até 150 metros. Durante seu treinamento, ele chegou a acertar o mesmo alvo 16 vezes a 150 metros de distância em apenas 1 minuto. Tudo isso tendo que alimentar manualmente seu rifle.
Depois de todo seu treinamento, Häyhä completou o ano obrigatório de serviço militar aos 20 anos e voltou para sua vida no interior como fazendeiro. Quando as tropas de Stalin invadiram a Finlândia, ele foi convocado com seus demais companheiros a lutar na guerra que começava.
Sob o comando do tenente Aarne Juutilainen, na 6ª Companhia do Regimento de Infantaria 34, o jovem Häyhä teve que vestir uma camuflagem pesada, toda branca, que o cobria da cabeça aos pés, para conseguir passar despercebido em meio à paisagem monocromática do inverno, em temperaturas de até -20 °C.
Foi dessa forma que ele ajudou o exército finlandês a derrotar as tropas enormes de Stalin. Armado com seu rifle antiquado, Häyhä trabalhou sozinho em meio à floresta nevada durante os 100 dias que durou a Guerra de Inverno. O franco-atirador matou entre 500 e 542 soldados soviéticos através de uma mira de ferro presente em sua arma ultrapassada, enquanto os demais lutavam para enxergá-lo pelas lentes telescópicas extremamente modernas.
Häyhä se camuflou entre montes de neve que impediam que a força do disparo de seu rifle levantasse uma nuvem de fumaça que seria essencial para o inimigo localizá-lo. A estratégia foi infalível, porém sua missão solo foi em condições brutais. Sua alimentação se dava em dias alternados com suprimentos que ele mesmo encontrava, tendo que enfrentar os dias curtos do inverno e sobreviver alerta durante as noites em que a temperatura permanecia abaixo de zero.
Häyhä usou uma variante do rifle soviético Mosin-Nagant, pois se adequava à sua baixa estatura. Para não se expor em seus esconderijos, ele preferia usar miras comuns ao invés das telescópicas, pois com esta última o atirador deve erguer um pouco a cabeça, além de haver o risco da lente refletir a luz do sol. Outra tática usada por Häyhä era compactar a neve à sua frente para que o tiro não a soprasse, revelando sua posição. Ele também colocava neve na boca, escondendo assim quaisquer sinais que sua respiração pudesse provocar.
Foi assim que o guerreiro solo ganhou a alcunha de "Morte Branca" pelos soldados soviéticos, que temiam que ele estivesse à espreita na neve. Entre o povo finlandês, Häyhä tornou-se o "Peste Branca": uma lenda, um "espírito guardião" que podia se mover como um fantasma pela paisagem desolada do inverno.
Contudo, 11 dias antes do fim da guerra, Häyhä foi finalmente atingido por um soldado soviético, que disparou bem em direção à sua mandíbula. Quando o guerrilheiro acordou de seu coma de quase 2 semanas, percebeu que metade de seu rosto estava faltando.
Um dia após a assinatura do tratado de paz que pôs fim ao conflito. Pouco depois, Häyhä foi promovido de cabo a primeiro-tenente pelo marechal-de-campo Carl Gustaf Emil Mannerheim. Nenhum outro soldado jamais conseguiu uma escalada de posto tão rápida na história militar da Finlândia.
Häyhä levou vários anos para se recuperar do ferimento. A munição, provavelmente explosiva, havia quebrado sua mandíbula e arrebentado sua bochecha esquerda. Apesar de tudo, ele se recuperou totalmente, tornando-se caçador de alce e criador de cachorros após a Segunda Guerra Mundial.
Quando finalmente voltou à vida normal, ele se tornou uma figura de renome na história da Finlândia, chegando a caçar com o então presidente do país, Urho Kekkonen (1900-1986).
Em 1998, ao ser perguntado sobre como conseguiu se tornar um atirador tão bom, ele respondeu, "prática". Questionado se tinha remorsos por ter matado tantas pessoas, ele disse, "fiz o que me mandaram fazer, da melhor forma possível".
Simo Häyhä passou seus últimos anos em uma pequena vila chamada Ruokolahti, localizada no sudeste da Finlândia, próxima à fronteira com a Rússia, morreu de causas naturais, aos 96 anos.